APRENDA A VOAR



Depois dos 50, a Idade de Ouro, a vez da verdade, a hora da posse de si mesma. Aproveite tudo. Curta-se. Ame muito. Você chegou lá. Voe. Agora você tem asas. Você agora é o tigre, e tigre alado. Voe alto. Voe muito alto.

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By Ferramentas Blog

sexta-feira, 13 de julho de 2012

ELAS CONTINUAVAM SENTINDO 'AQUILO'

E VOCÊ? COMO ANDA SEU DESEJO SEXUAL?


Andei rondando a internet noites a fio, em busca de saber como anda o sexo na maturidade. Viagem frustrante. O lado divertido é que cai em centenas de sites da indústria erótica. Qualquer caminho, palavra-chave, idoma associando sexo, mulher e maturidade ia dar neles. Fetiche. Nunca me ocorreu que este, especificamente, pudesse ter no mundo tantos adeptos.

Afora isto, especialistas repetindo incansavelmente o mesmo e velho discurso de há 20, 30 anos, "Maior incidência de DSTs entre os maduros", " Idosos podem e devem fazer sexo", e mais não há.

E o desejo? Quero saber do desejo.

Foto Facebook, não identificada


De onde vem o maior silêncio? Do despreparo dos analistas, ou da censura dos mais velhos em revelar detalhes de seu estado de desejo?

Há anos, ouvi de uma entrevistada minha na TV que o sexo ficara melhor com a idade. Ela devia estar pelos sessenta e tantos anos e tinha um compamheiro, relacionamento duradouro. A estabilidade financeira, menores níveis de ansiedade, ausência dos filhos na casa, a menopausa como liberadora ( o fim do medo de engravidar) seriam algumas das possíveis causas, consideramos então.

Hoje penso também que com a idade, os intantes são mais valorizados por nós. Já sabemos que cada instante é único, e estamos mais presentes, mais entregues, mais inteiros no aqui-e-agora e o vivemos com maior intensidade.

O fato é que o assunto me interessou, e de lá pra cá vim forçando sua entrada no microcosmo das mulheres com quem tive liberdade para falar a respeito. E de pelo menos tres octogenárias ( que não se conheciam e em momentos diferentes), pude arrancar a revelação de que o desejo sexual nelas não arrefecera com a idade e às vezes parecia mesmo muito aflorado.

Escrevo e lembro Clarice Lispector - uma frase de A Paixão Segundo GH mais ou menos assim ( cito de memória, perdoem-me se estiver imprecisa): “ As outras velhas não me disseram, não me contaram que a gente continuava sentindo aquilo”.

Os primeiros cronistas portugueses no Brasil descrevem as velhas índias tupinambás como muito fogosas. Tinham por função tribal a iniciação sexual dos jovens indiozinhos, ensinar-lhes as manhas e se mostravam sempre dispostas a arrastá-los para o mato em troca de presentes e outras formas de sedução. Não encontro nada que fale com a mesma clareza das mulheres de hoje na mesma idade.

Acrílico sobre tela, de Maggie Taylor


Em contrapartida, ainda ontem me contava uma amiga, em confidência, que aos sessenta havia perdido todo o entusiasmo sexual.

Do que depende esta variação é o que tento descobrir. Causas físicas, hormonais, razões psicológicas, disposição para a vida, não sei...

Bom, esta não é minha especialidade, e faço aqui um papel investigativo, na medida que me cabe o corpo-a-corpo, a vontade de saber e alguma habilidade e experiência jornalística de conversar com outras mulheres.

Mas não se precisa muito para concluir que qualquer discussão acerca da sexualidade, do comportamento sexual deste ou daquele segmento social, desta ou daquela faixa etária, ou cultura ou país, há que começar pela questão do desejo. E, sobre o desejo dos mais velhos, sobretudo das mulheres mais velhas, paira ainda hoje um anacrônico silêncio.


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